Seguindo o exemplo do que ocorreu com a Mata Atlântica brasileira os palmares de Butiá Capitata do município de Santa Vitória do Palmar sofreram e ainda sofrem com a ação do homem, resultando numa drástica redução na densidade de palmeiras e desaparecimento de alguns palmares menores.
Com a introdução do gado iniciou a dificuldade de regeneração de novas mudas nos palmares. O gado come as pequenas palmas antes que possam se desenvolver inviabilizando a renovação. A seguir, veio o cultivo do arroz que agride as palmeiras há mais de quarenta anos com a inundação da área durante quatro a cinco meses por ano, mantendo suas raízes submersas, adubação, o arado e também com a aplicação aérea de defensivos agrícolas (agrotóxicos), sem- falar que centenas. de palmeiras foram arrancadas para a orizicultura.
Como conseqüência de tudo isso os palmares do nosso município estão condenados à morte, visto que as palmas esparsas estão velhas e enfraquecidas,.apresentam poucas folhas e quase não produzem seus dourados e agridoces frutos que serviam. de alimento aos primeiros habitantes desta terra (umbu, vieira, minuano e charrua).
A Revista Brasileira de Agroecologia, vol 1, nº1 de novembro de 2006 apresenta um trabalho comparando as palmeiras de Butiá capitata, em nosso município, da seguinte forma: a área 01 seria explorada por lavoura de arroz e pecuária, a área 02 seria de pequenas faixas preservadas, dentro de campos ocupados pelo gado, que pastoreia as bordas da área nativa, sendo que são raros os campos nativos não cultivados. Na área O 1 a densidade média de indivíduos adultos foi 8,83 por hectare e de plântulas 0,01 indivíduo por hectare, altura média de 7,12 m (variando entre 4,07 a 12,75 m) e diâmetro médio de -0,48 m. Na área 02 a densidade média de indivíduos adulltos foi de 131,20 por hectare, plântulas 76,80 indivíduos por hectare, altura média de 3,61 m (concentração de 55% na faixa de 1,97 a 3,27 m) e diâmetro médio de 0,60 m.
Em Santa Vitória do Palmar a área total do principal palmar é de aproximadamente vinte mil hectares, limitado ao norte pela Canoa Mirim, ao sul.pelo-porto de Santa Vitória do Palmar, a leste pela estrada da Canoa Mirim e a oeste. pela vargem (parte inundável) da lagoa Mirim.
A área mais densa do palmar foi destruída para a cultura do arroz.No lado leste da Br 411 (estrada federal), do Chuí a Curral Alto, existem algumas sedes de propriedades que.possuem pequenos palmares.
Currais de palmas se encontram no Brejo, Boqueirão, Curral Grande, Curral de Arroios,Geribatu, Curral Alto, Cerro Lindo e Canelões.
Ao longo da Br 471, nas suas "margens", nasceram entre o Chuí e a estação ecológica do Taim cerca de mil e duzentas palmeiras.
Algumas idéias para a preservação da palmeira seriam: viveiros para o cultivo e distribuição de mudas, plantio na cidade assim como nas estradas do interior, trabalho de educação com a população para a conscientização do problema e o estimulo para que plantem em suas propriedades, existe também a possibilidade do plantio comercial. Em relação ao palmar seria cumprir a lei federal a respeito de árvores nativas e a lei municipal que proíbe o seu corte e, claro, fiscalizar.
Outra alternativa seria a desapropriação de uma área do palmar, fechar a mesma evitando a entrada do gado e o plantio nesse caso nascem mudas dos caroços que estão no solo. Acreditamos, entretanto, que a melhor idéia seria o.arrendamento de uma ou mais áreas por parte do governo (municipal, estadual e/ou federal) ou pela iniciativa privada, pagando o equivalente ao que lucrariam com gado e o proprietário se comprometeria a manter a porção de campo cercada e livre de agricultura e de .gado por no mínimo dez anos ou permanentemente. A diferença seria que neste caso o proprietário continuaria com a sua terra pela qual existe um valor sentimental.
Não muito longe de Porto Alegre, junto à lagoa dos Patos, entre Barra do Ribeiro e Tapes, foi redescoberto um palmar de butiá capitata de aproximadamente oitocentos hectares.
Carlos Alcy Cardoso e Silvio de Oliveira Marchiori
ECOPALMAR (Associação de Defesa do Meio Ambiente de Santa do Palmar)